Export iten: EndNote BibTex

Please use this identifier to cite or link to this item: https://tede.unioeste.br/handle/tede/7028
Tipo do documento: Tese
Title: Crise e fascistização:Brasil, 2014-2018
Autor: Sanchez, Mariano Luis 
Primeiro orientador: Silva, Carla Luciana Souza da
Primeiro membro da banca: Fontes, Virginia Maria Gomes de Mattos
Segundo membro da banca: Coelho Neto, Eurelino Teixeira
Terceiro membro da banca: Calil, Gilberto Grassi
Quarto membro da banca: Oliveira, Angela Meirelles de
Resumo: Esta tese tem por objeto o processo de fascistização que ocorreu no Brasil no período de 2014 a 2018. Estuda os fatores que se conjugaram para fabricar, ao longo desse período, o grande apoio social que recebeu o projeto autoritário de governo que representou o denominado bolsonarismo. O processo de fascistização é pensado, em termos gerais, a partir do aumento da propaganda autoritária, promovendo a intolerância, a agressividade e a manifestação de violência por motivos político-ideológicos, que resultam impunes devido à omissão ou cumplicidade das instituições estatais que deveriam coibi-los ou puni-los. O que distingue o fascismo de outras formas políticas autoritárias é a mobilização de massas, principalmente pequeno-burguesas, e a organização de tropas de choque que exercem a violência ilegal. Portanto, a formação de massas fascistas é o meio pelo qual um projeto autoritário produz amplo apoio social. Neste trabalho estudamos a mediação entre o discurso autoritário e a sua recepção social sob a perspectiva da psicologia social, que se concentra na relação líder - massa. Como sustentamos que o processo de fascistização no caso brasileiro se iniciou antes do aparecimento da figura do líder autoritário, consideramos que a narrativa da grande mídia, durante o período acima indicado, se configurou como um proto-discurso do líder, amplificando a crise política e econômica então em curso. Argumentamos que a narrativa da grande mídia teve um efeito fortemente fascistizante na medida em que conjugava um discurso do ódio com um discurso do medo, impactando sensivelmente nas emoções das audiências, difundindo um clima social de indignação moral e intolerância política. Na medida em que promovia a formação e mobilização de massas, alimentava a instabilidade política e a corrosão da institucionalidade democrática. Entretanto, como o poder de influência do discurso fascistizante (midiático neste caso) não é absoluto, seu êxito depende de encontrar correspondência com um tipo de personalidade potencialmente autoritária já presente na sociedade. Neste sentido, argumentamos que a gestão neoliberal do capitalismo contemporâneo produz uma subjetividade proclive a apoiar soluções autoritárias para os problemas e crises políticas, econômicas ou sociais. O discurso fascistizante é pensado, desta maneira, como um dispositivo que ativa a personalidade autoritária latente na sociedade, resultado de uma objetividade socioeconômica caracterizada pela superexploração do trabalhador, pela máxima precarização laboral ou, no extremo, pela sua marginalização total. Dedicamos a última parte deste trabalho a estudar as causas mais profundas da emergência, de caráter internacional, de discursos, movimentos e lideranças com características neofascistas, demonstrando a continuidade, antes do que a ruptura, entre a crise ou esgotamento do projeto neoliberal e o ressurgimento do neofascismo como resposta à necessidade de gestão das crescentes massas marginais no contexto do aprofundamento da crise estrutural do capital. Nas considerações finais, argumentamos que um processo de fascistização é resultado da decisão das frações mais poderosas dos interesses econômicos dominantes, e por esta causa, o fascismo será sempre uma possibilidade concreta em toda sociedade capitalista.
Abstract: This thesis focuses on the process of fascistization that plagued Brazil from 2014 to 2018. It seeks to analyze the factors that combined to produce, over this period, the great social support given to the authoritarian government project represented by the so-called Bolsonarism. In general terms, the process of fascistization is thought here from the rise of authoritarian propaganda, promoting intolerance, inciting aggressiveness and the manifestation of symbolic for political-ideological reasons that go unpunished due to the omission or complicity of state institutions that should curb or penalize them. What distinguishes Fascism from other forms of political authoritarianism is the mobilization of masses, mainly a petty-bourgeois base of supporters, and the organization of shock troops that carry out illegal violence. Therefore, the formation of Fascist masses is the means by which an authoritarian project engenders broad social support. In this work, we study the mediation between authoritarian discourse and its social reception from the perspective of Social Psychology, which focuses on the leader-mass relationship. Since we maintain that the process of fascistization in the Brazilian case began before the appearance of the figure of the authoritarian leader, we consider that the narrative produced by the mainstream media, during the aforementioned period, was configured as a proto-discourse of the leader, amplifying the political and economic crisis then ongoing. We argue that the mainstream media’s narrative had a strongly fascistizing effect insofar as it combined hate speech and fear speech, significantly impacting audience emotions, and thus spreading a social climate of moral indignation and political intolerance. To the extent that it promoted the formation and mobilization of the masses, it fed political instability and the erosion of democratic institutions. However, as the power of influence of the Fascist discourse (media in this case) is not absolute, its success depends on finding correspondence with a potentially authoritarian personality type already present in society. In this sense, we argue that the neoliberal management of contemporary capitalism produces a subjectivity prone to supporting authoritarian solutions to political, economic or social problems and crises. In this sense, the Fascist discourse is thought of as a device that activates the latent authoritarian personality in society, the result of a socioeconomic objectivity characterized by the superexploitation of the worker, by the utmost precariousness of work or, in the extreme, their total marginalization. We dedicate the last part of this work to studying the deeper causes of the emergence of discourses, movements and leaderships –– quite international in their nature –– imbued with neo-Fascist characteristics, demonstrating the continuity, rather than the rupture, between the crisis or exhaustion of the neoliberal project and the resurgence of Neo-Fascism as a response to the need to manage the ever-growing marginalized masses in the context of the ever-deepening structural crisis of capital. In the final considerations, we point out that every process of fascistization is the result of the decision of the most powerful fractions of the dominant economic interests, and for this reason, Fascism will always be a concrete possibility in every capitalist society.
Keywords: Neofascismo
Psicologia de massas
Personalidade autoritária
Grande mídia
Neoliberalismo
Crise de hegemonia
CNPq areas: CIÊNCIAS HUMANAS:HISTÓRIA
Idioma: por
País: Brasil
Publisher: Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Sigla da instituição: UNIOESTE
Departamento: Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras
Program: Programa de Pós-Graduação em História
Campun: Marechal Cândido Rondon
Citation: SÁNCHEZ, Mariano Luis. Crise e fascistização:Brasil, 2014-2018. 2023. 299 f. Tese (Doutorado em História) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, 2023.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Endereço da licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
URI: https://tede.unioeste.br/handle/tede/7028
Issue Date: 6-Oct-2023
Appears in Collections:Doutorado em História (MCR)

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
Mariano_Sanchez.pdf3.58 MBAdobe PDFView/Open Preview


Items in TEDE are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.