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Please use this identifier to cite or link to this item: https://tede.unioeste.br/handle/tede/5658
Tipo do documento: Tese
Title: Resgate da construção de conhecimentos coevolutivos ecológicos, através da atuação do movimento de mulheres camponesas (MMC)
Autor: Gadelha, Renata Rocha 
Primeiro orientador: Schütz , Rosalvo
Primeiro coorientador: Zonin , Wilson João
Primeiro membro da banca: Schütz , Rosalvo
Segundo membro da banca: Conradi , Carla Cristina Nacke
Terceiro membro da banca: Feiden, Alberto
Quarto membro da banca: Andrioli , Antônio Inácio
Quinto membro da banca: Siliprandi, Emma Cademartori
Resumo: Esta tese tem como objetivo principal responder à questão: o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) em Minas Gerais e Santa Catarina está conseguindo resgatar estratégias de construção de conhecimento coevolutivo ecológico? Ancorada no materialismo histórico dialético, a pesquisa utilizou como metodologia a história de vida e a observação participante e não participante como forma de coleta de dados. Participaram da pesquisa quatro camponesas do MMC - MG e cinco do MMC - SC. Buscamos compreender a história de vida das mulheres antes e depois de ingressarem no MMC e fizemos observações e questões sobre seus sistemas produtivos atuais. Como referencial teórico, partimos da compreensão do que é ser camponesa no Brasil, para as discussões sobre os conhecimentos tradicionais e a agroecologia até chegar na definição do que apresentamos como conhecimentos coevolutivos ecológicos. Constatamos que as pesquisas sobre conhecimentos tradicionais apresentam esses saberes através da visão exclusiva do homem, como se este fosse o único representante desses conhecimentos. Contudo, a partir de nossos pressupostos epistemológicos e da compreensão de que as relações de gênero, ao estruturarem as sociedades, são decisivas na forma pela qual homens e mulheres constroem seus conhecimentos, não podemos aceitar os homens como porta-vozes exclusivos dos conhecimentos. A revisão bibliográfica revelou escassez de pesquisas internacionais e nacionais sobre os conhecimentos agrícolas ecológicos tradicionais das mulheres. A invisibilização e a desvalorização dos saberes femininos é fruto da junção de dois sistemas de dominação-exploração: o patriarcado e o capitalismo. Com o avanço do capitalismo, valoriza-se o que gera dinheiro e desvaloriza-se o que não gera. Devido à divisão sexual do trabalho capitalista, coube às mulheres os trabalhos de subsistência, que foram sendo desvalorizados e invisibilizados, assim como os trabalhos de comunidades tradicionais e a própria natureza. Por um lado, esse processo histórico-cultural permitiu às mulheres conservarem mais saberes ecológicos que os homens. Por outro, a unilateralidade da ciência patriarcal impede que a sociedade visibilize as mulheres e compreendam como a modernização impacta suas vidas e leva à erosão de seus conhecimentos. A pesquisa revelou a diversidade de conhecimentos ecológicos das camponesas em seus manejos agrícolas, com diferentes critérios de seleção de sementes, formas de armazenamento e processamento; como essas práticas provêm de conhecimentos herdados de gerações passadas, são construídos pelas próprias camponesas e/ou aprendidos através do diálogo/vivências em suas redes de sociabilidade. Os resultados apontaram para a conservação em MG e o resgate em SC das estratégias de construção de conhecimento coevolutivo ecológico, a partir da participação no MMC. Essa participação lhes permite a construção de um novo kosmos, gerando uma percepção ampliada de sociedade, na qual elas se sentem sujeitas capazes e com o dever de construir suas próprias histórias, visando a reconstrução da comunidade, em contraposição à ideologia capitalista da individualidade e competição. As camponesas do MMC se movimentam, negando valores patriarcais e neoliberais para afirmar os aspectos positivos das culturas tradicionais: as relações de reciprocidade dos seres humanos entre si e com a natureza.
Abstract: This thesis mainly aims to answer the question: is the Peasant Women’s Movement (MMC), in Minas Gerais and Santa Catarina state, managing to rescue strategies for the ecological coevolutionary knowledge construction? By dialectical historical materialism, the research used life history, participant and non-participant observation as data collection methods. Four women from MMC - MG and five from MMC - SC participated in the survey. We aimed to understand the life history of women before and after they joined MMC, and we made observations and questions about their current production systems. As a theoretical framework, we started from the concept of what it is to be a peasant in Brazil, to the discussions about traditional knowledge and agroecology, arriving at the definition of what we present as ecological coevolutionary knowledge. We found that researches on traditional knowledge present it through the unique view of man as if he were the only representative of this knowledge. However, based on our epistemological assumptions and the understanding that gender relations, when structuring societies, are decisive in the way in which men and women build their knowledge, we cannot accept men as exclusive spokespersons for this knowledge. The literature review revealed a shortage of international and national research on women's traditional ecological knowledge. The invisibilization and devaluation of women's knowledge result from the combination of two systems of domination and exploitation: patriarchy and capitalism. With the advancement of capitalism, what generates money is valued, and what does not is devalued. Due to the sexual division of capitalist work, women were responsible for subsistence work, which was gradually being devalued and made invisible, as well the activities of traditional communities and nature itself. On the one hand, this historical-cultural process allowed women to conserve more ecological knowledge than men. On the other hand, the unilaterality of patriarchal science prevents society from making women visible and understanding how modernization impacts their lives and leads to the erosion of their knowledge. This research revealed these results: diversity of ecological knowledge of the peasant women in their agricultural management, with different criteria for seed selection, ways of storage and processing it; how these practices come from the knowledge inherited from past generations, built by the peasants themselves and/or learned through dialogue/experiences from their sociability networks. The results pointed to the conservation in MG and the recovery in SC of the strategies for building ecological coevolutionary knowledge, based on participation in the MMC. This participation allows them to build a new kosmos, generating an expanded perception of society, in which they feel capable and duty-bond to build their history, aiming at the community reconstruction, in contrast to the capitalist ideology of individuality and competition. The MMC peasants women move around, denying patriarchal and neoliberal values to affirm the positive aspects of traditional cultures: the reciprocal relations of human beings with each other and with nature.
Keywords: Campesinato
Conhecimentos ecológicos tradicionais
Relações de gênero
CNPq areas: CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Idioma: por
País: Brasil
Publisher: Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Sigla da instituição: UNIOESTE
Departamento: Centro de Ciências Agrárias
Program: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável
Campun: Marechal Cândido Rondon
Citation: GADELHA, Renata Rocha. Resgate da construção de conhecimentos coevolutivos ecológicos, através da atuação do movimento de mulheres camponesas (MMC). 2021. 446 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural Sustentável) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, 2021.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Endereço da licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
URI: http://tede.unioeste.br/handle/tede/5658
Issue Date: 10-Aug-2021
Appears in Collections:Doutorado em Desenvolvimento Rural Sustentável (MCR)

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