@PHDTHESIS{ 2025:210001416, title = {A AMBIGUIDADE LEXICAL DA LIBRAS: UM ESTUDO DESCRITIVO A PARTIR DO INVENTÁRIO NACIONAL DE LIBRAS}, year = {2025}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/8134", abstract = "Esta tese tem como objetivo descrever e analisar a ambiguidade lexical em sinais da Língua Brasileira de Sinais (Libras), com base em dados extraídos do Inventário Nacional da Libras - Surdos de Referência, integrados ao Signbank da Libras. Parte-se do reconhecimento de que a ambiguidade lexical, fenômeno recorrente nas línguas naturais, manifesta-se de forma significativa na Libras, embora ainda pouco descrita sob uma perspectiva semântico-lexical que contemple suas especificidades visuais e espaciais. O problema central reside na ausência de critérios sistemáticos que permitam distinguir, em língua de sinais, os casos de polissemia e homonímia, especialmente quando a forma sinalizada permanece estável, mas os sentidos variam de acordo com o uso contextual. A fundamentação teórica articula os estudos clássicos da semântica lexical (Ullmann, 1971; Barbosa, 2019) aos estudos linguísticos em línguas de sinais (Johnston; Schembri, 2007; Crasborn et al., 2015), com ênfase na noção de parâmetros fonossemânticos como elementos formais portadores de significado - configuração de mão, movimento e ponto de articulação - conforme proposto por Johnston e Schembri (1999). Esses parâmetros são aqui concebidos em diálogo com a noção de fonestema (Firth, 1930; Bergen, 2004; Abramova et al., 2013; Smith, 2022), mas adaptados à modalidade visuo-espacial. Adota se, portanto, uma abordagem qualitativa, de natureza descritiva e interpretativa, com foco na análise de sinais que compartilham forma articulatória, mas ativam sentidos diferentes em contextos enunciativos diversos. O corpus foi composto por registros do Portal Libras, transcritos no software ELAN, com posterior cruzamento com as entradas lexicais do Signbank da Libras. Ambiguidades que envolvem sinais toponímicos e antropônimos, bem como variações baseadas unicamente em marcas labiais, foram excluídas por não se inserirem no escopo formal da análise lexical. A análise concentrou-se em quatro sinais representativos da ambiguidade lexical na Libras: SOLTAR, com sentidos como “deixar”, “abandonar” e “desistir”; DIREITO, articulado para expressar “direito legal”, “diretor escolar” e “deficiência”; ESFORÇAR, que abrange “empenhar-se fisicamente”, “esforço emocional”, “reforço escolar” e “defesa de tese”; e DURO, cuja forma é utilizada para significar desde rigidez gestual (falta de fluência linguística), até exigência acadêmica (“linguística dura”) e dificuldade em processos seletivos (“vestibular duro”). A identificação dos sentidos ativados, associada à análise dos parâmetros fonossemânticos e dos coocorrentes semânticos, permitiu classificar os usos como casos de polissemia ou homonímia, conforme a presença ou ausência de continuidade semântica entre os significados. A utilização de glosas adaptadas, fundamentada na crítica à “tirania das glosas” (Leite et al., 2021) e permitiu uma categorização mais precisa e respeitosa à autonomia da Libras como sistema linguístico. Os resultados contribuem para a descrição do léxico da Libras e oferecem subsídios teóricos para o avanço dos estudos linguísticos, bem como práticos para a formação de professores, tradutores e intérpretes, além de orientar a elaboração de glossários e materiais pedagógicos mais sensíveis às nuances semânticas da língua. Por fim, a pesquisa também destaca a necessidade de expansão dos estudos da Libras para campos ainda pouco explorados, como a pragmática da ambiguidade, a onomástica sinalizada e os fatores culturais que influenciam a variação lexical.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Centro de Educação, Comunicação e Artes} }