@MASTERSTHESIS{ 2025:788251928, title = {Corpos à deriva e o desejo de filhos: uma análise discursiva sobre o corpo solidário no Brasil}, year = {2025}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/8080", abstract = "Sob a perspectiva da Análise de Discurso pecheutiana, que se desenvolveu fortemente em território brasileiro, via trabalhos de Eni Orlandi e demais pesquisadores que se voltam para o discurso como objeto de estudo, este trabalho tem como objetivo investigar como o corpo solidário (Viana, 2017) é discursivizado nos portais do g1 e Folha, versões digitais dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo, respectivamente, e que constituem mídias de referência, uma vez que atuam como formadores de consenso junto à população, de acordo com Mariani (1998). A pergunta de pesquisa que nos move é: como as mulheres que “emprestam” seu corpo para gestar uma criança para outra família se significam e são significadas no/pelo discurso jornalístico digital? Mais especificamente, buscamos compreender: a) como o jornalismo digital colabora para cristalizar ou romper sentidos já enraizados sobre o corpo da mulher e sobre a “substituição de gestação” prevista pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) ou “barriga solidária”, designação mais utilizada pela nossa formação social e também pelos meios de comunicação de massa; b) mapear como a Igreja e a medicina colabora(ra-)m para o processo de adestramento/domesticação (Del Priore, 2009) do corpo da mulher desde a pré-história até a colonização portuguesa. Esse recorte temporal justifica-se por ser uma tentativa de investigar como os sentidos acerca do corpo da mulher herdado dos colonizadores se constituíram e foram se sedimentando ao longo do tempo; c) discutir o discurso interditado ou interdito como aquele dizer que, por razões ideológicas, sociais ou institucionais, não pode circular livremente, evidenciando os conflitos e disputas de sentido na sociedade e demonstrando que o discurso é sempre atravessado por relações de força. É nesse sentido que verificamos o apagamento da designação barriga de aluguel no corpus recortado para análise. O ir e vir da teoria para a prática e vice-versa, permitiu afirmar que a barriga solidária, prevista em lei em alguns países, constitui um meio eficiente para pais que não podem gerar e/ou gestar filhos e sempre que acontece, ganha muita visibilidade na mídia, adquirindo até mesmo o status de espetáculo, reforçando sentidos de que para ser mãe, não é preciso gerar uma criança. Entra em cena, então, a mulher, que por altruísmo ou por razões financeiras, decide emprestar o útero/barriga para gestar a criança. Neste ponto, tratamos da quebra do mito do amor materno, proposto por Badinter (1985) e segundo o qual a maternidade não é algo natural a todas as mulheres, mas uma construção histórica. Foi nesse caminho que passamos a analisar os discursos que (re- )produzem discursos hegemônicos sobre o “ser mãe”, assim como gestos de resistência, o que nos permitiu intitular como parte do título dessa pesquisa, de “corpos à deriva e o desejo de filhos”. Por fim, compreendemos que o corpo da mulher é atravessado pelas falhas e faltas, pois é assim o processo de subjetivação de sujeitos, que de um lado têm desejo de filhos, mas não podem gestá-los e, por outro, por corpos solidários, que por um gesto altruísta, procuram preencher essa falta.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Centro de Educação, Comunicação e Artes} }