@MASTERSTHESIS{ 2025:65990180, title = {Saúde da mulher migrante internacional universitária: comportamentos de cuidados e o acesso na atenção primária}, year = {2025}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/7985", abstract = "O fenômeno migratório, reconhecido como um direito humano, ultrapassa o deslocamento geográfico por envolver também a travessia de fronteiras culturais e simbólicas. Esse processo impõe às pessoas migrantes a reconstrução de expectativas e significados sobre si e sobre o mundo. Portanto, compreender os movimentos migratórios demanda uma abordagem interseccional, que considere simultaneamente fatores culturais, étnicos, econômicos, históricos e sociais que influenciam a vivência e a inserção em novos contextos. A relação entre migração e saúde revela-se complexa, atravessada por desigualdades estruturais e obstáculos ao acesso a direitos sociais fundamentais, como trabalho, moradia, educação e saúde. No cenário brasileiro, o Sistema Único de Saúde reconhece a influência dos determinantes sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e comportamentais, sobre o modo como diferentes grupos acessam e vivenciam o cuidado em saúde. Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de um estudo de método misto paralelo convergente, com o objetivo de compreender as relações entre os comportamentos de cuidado em saúde de mulheres migrantes internacionais universitárias e o acesso à atenção primária à saúde em um município brasileiro de fronteira. O estudo foi realizado em Foz do Iguaçu, cidade situada na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, e combinou dados quantitativos, com 135 inquéritos, e qualitativos, com 19 entrevistas com mulheres migrantes vinculadas a uma universidade pública. Os dados quantitativos revelaram lacunas importantes no cuidado preventivo à saúde: 47,5% das entrevistadas relataram não realizar o exame preventivo do câncer do colo do útero, e 48,9% não se submeteram a testagens rápidas para infecções sexualmente transmissíveis. A barreira linguística foi apontada por 59,3% como um dos principais entraves para acessar os serviços de saúde. Outros obstáculos incluíram horários incompatíveis das unidades (57,4%) e dificuldades para agendar consultas de rotina (70,4%). Os resultados qualitativos complementaram essas evidências ao mostrar que, embora as participantes reconheçam avanços no sistema de saúde brasileiro em comparação com seus países de origem, ainda enfrentam barreiras linguísticas, desinformação sobre direitos, ausência de acolhimento culturalmente sensível e longos tempos de espera. Observou-se que o cuidado em saúde foi influenciado por aspectos simbólicos e culturais, nos quais coexistem práticas tradicionais, como o uso de chás e plantas medicinais, com estratégias contemporâneas, como atividades físicas e psicoterapia. A saúde sexual e reprodutiva destacou-se como uma área crítica, marcada por desinformação, tabus e desconhecimento sobre os serviços disponíveis. Isso evidencia a necessidade de ações em saúde que considerem as dimensões culturais, acadêmicas e existenciais das experiências migratórias. Nesse contexto, fortalecer redes de atenção sensíveis à interculturalidade, à juventude e à mobilidade humana é fundamental, assim como investir em estratégias intersetoriais, formação continuada das equipes e políticas públicas comprometidas com a equidade e a integralidade do cuidado.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública em Região de Fronteira}, note = {Centro de Educação Letras e Saúde} }