@MASTERSTHESIS{ 2024:277198792, title = {A recordação do vínculo originário entre arte e técnica no pensamento de Martin Heidegger}, year = {2024}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/7642", abstract = "A recordação do vínculo originário entre arte e técnica compõe o tema central dessa dissertação. A recuperação desse vínculo pressupõe uma reconstrução conceitual, mediante a confrontação estabelecida por Martin Heidegger com a tradição metafísica e sua crítica às representações convencionais acerca dos fenômenos que configuram a técnica e a arte. Nesse sentido, essa pesquisa se desenvolve atendendo à provocação do seguinte problema: em que consiste o vínculo originário entre arte e técnica, segundo o pensamento de Heidegger? Nosso objetivo, portanto, visa determinar como os avanços do pensamento metafísico obscurecem o vínculo entre arte e técnica. A partir da interlocução de Heidegger com os pensadores gregos pré-socráticos, pretendemos recordar a ligação entre arte e técnica mediante a experiência de desencobrimento desses fenômenos. A fim de empreender essa tarefa, fazemos uso da metodologia de caráter teórico bibliográfico priorizando a análise dos textos escritos após a viragem (die Kehre) do pensamento heideggeriano, como Introdução à Metafísica (1935), A Origem da Obra de Arte (1935-1937), as preleções e ensaios acerca do pensamento de Nietzsche (1939-1944), Caminhos de Floresta (1950), Ensaios e Conferências (1954) etc. Depreendemos com essa pesquisa que, de acordo com Heidegger, os pensadores gregos pré-socráticos denominavam tanto a arte como a técnica artesanal com a palavra techne, um saber semelhante à episteme. A techne, nesse sentido, consiste num saber que ilumina, que dá à luz no sentido de tornar visível (presente, acessível) o ente enquanto tal a partir de uma ocultação originária, configurando, portanto, um modo de desencobrimento (Unverborgenheit). Com a transfiguração metafísica do pensar originário, a techne é caracterizada conceitualmente por Platão e Aristóteles como mimesis, isto é, como imitação da aparência da realidade suprassensível. Consequentemente, o vínculo originário entre techne e episteme foi completamente obscurecido. A tradição metafísica herdeira do pensamento platônico-aristotélico preservou fixa e inalterada a dissociação entre techne e episteme, degradando a produção criativa de ser (poiésis) ao nível da atividade artesanal, desde a sua representação instrumental e antropológica. Na Modernidade, o fenômeno técnico hodierno é convencionalmente representado considerando apenas essa dimensão prática, embora caracterize um fenômeno original e, portanto, radicalmente diferente da técnica antiga. Na conferência A Questão da Técnica (1953), Heidegger propõe a tarefa de fundar um espaço de meditação no qual se torna possível realizar a experiência do desencobrimento da essência da técnica moderna. Como fundar esse espaço? A partir da interlocução com a tradição filosófica, reconstruindo as experiências originárias do que constitui o imperialismo da técnica que caracteriza essencialmente a nossa época. A arte, de acordo com Heidegger, oferece um espaço assim, pois, embora o modo de desencobrimento que constitui a técnica moderna não se desenvolva numa produção criativa de ser (poiésis), caracterizando um fenômeno radicalmente distinto da arte, a experiência da determinação de sua essência depende da recordação de seu vínculo com o fenômeno artístico. Conclui-se, por fim, que a arte nos proporciona um espaço de refúgio (Hort) e de sagração (Weihe) da verdade como desencobrimento, desde que façamos a experiência da recordação do vínculo originário entre a técnica e o fenômeno artístico em seu sentido mais elevado.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Filosofia}, note = {Centro de Ciências Humanas e Sociais} }