@PHDTHESIS{ 2024:1537711419, title = {O clã dos Canguçus no Brejo do Campo Sêco: fazenda de criação, guerra de famílias e poder no alto sertão da Bahia do século XIX}, year = {2024}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/7412", abstract = "A presente tese teve como objetivo realizar uma minuciosa análise do clã dos Canguçus em sua atividade agropastoril na Fazenda Brejo do Campo Sêco. Dessa forma, foi realizado um exercício historiográfico que promove a interseção entre duas áreas do conhecimento: a História da Família e a História Agrária. No que diz respeito aos limítrofes geográficos, nos transportamos para os recônditos sertões da Província baiana, mais especificamente para o Alto Sertão, em um período no qual ainda se vislumbrava o esforço da Coroa portuguesa em colonizar e povoar as regiões mais distantes do interior colonial. Analisamos, nesse intuito, a escritura de compra e venda da fazenda, datada de 1749, como ponto inicial de referência temporal. Ao reconhecer a propriedade e a exploração da terra como elementos centrais em nossas análises, consideramos os indivíduos que formaram a primeira família a adquirir e assumir o controle da fazenda de criação. Nesse sentido, destacamos a relevância do binômio composto por Micaela Maria de Jesus e Ana Francisca da Silva, respectivamente mãe e filha. Enquanto a primeira concebeu e executou um plano para adquirir tais terras, a segunda sobreviveu às sucessivas gerações de homens que estiveram à frente da administração da fazenda e, ao longo de aproximadamente cem anos, esteve envolvida nas atividades diárias do empreendimento, não apenas no âmbito privado, mas também desempenhando um papel ativo na gestão administrativa da propriedade. Acompanhamos as sucessões dominiais desta fazenda, vendo de perto o cotidiano, a prática da pecuária e da agricultura baseada no trabalho de homens e mulheres escravizados, assim como as transações realizadas no âmbito privado, frequentemente conflitivas. No desfecho da pesquisa, abordamos um embate entre famílias, protagonizado pelos Canguçus. Este conflito teve início em 1844 com o rapto e defloramento de Pórcia Carolina da Silva Castro, efetuado por Leolino Pinheiro Canguçu, filho do patriarca, Inocêncio José Pinheiro Canguçu. A busca incessante por vingança em nome da honra ultrajada foi analisada como resultante desse episódio. Os Castros, em busca de reparação da honra aviltada, aliaram-se aos Mouras – antigos rivais dos Canguçus –, o que desencadeou uma sequência de atos violentos e crimes que culminaram na morte de Leolino em 1846. Nosso marco final será o ano 1851, quando Inocêncio Pinheiro Canguçu foi julgado pelos crimes da família. Fomos instigados a investigar as dimensões do poder dessa família e a buscar compreender o que fundamentava tal domínio na região. Partimos da premissa de que o principal sustentáculo do poder dos Canguçus residia na posse da terra. Ao término da pesquisa, confirmamos essa hipótese e identificamos outros mecanismos de obtenção e manutenção do poder ao longo da trajetória familiar. Dentre os variados documentos consultados, vale ressaltar que encontramos dois manuscritos singulares: o Livro de Razão e o Livro de Gado, utilizados na administração da fazenda. Destacamos a relevância da preservação e raridade desses documentos, os quais registraram as atividades de três gerações da Fazenda Brejo do Campo Sêco ao longo dos períodos colonial e imperial. Tal descoberta se destaca pela sua importância, uma vez que é incomum encontrar um documento completo abrangendo um extenso período temporal com informações sequenciais sobre uma realidade histórica específica dentro do campo historiográfico.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em História}, note = {Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras} }