@PHDTHESIS{ 2023:1086028756, title = {Crise e fascistização:Brasil, 2014-2018}, year = {2023}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/7028", abstract = "Esta tese tem por objeto o processo de fascistização que ocorreu no Brasil no período de 2014 a 2018. Estuda os fatores que se conjugaram para fabricar, ao longo desse período, o grande apoio social que recebeu o projeto autoritário de governo que representou o denominado bolsonarismo. O processo de fascistização é pensado, em termos gerais, a partir do aumento da propaganda autoritária, promovendo a intolerância, a agressividade e a manifestação de violência por motivos político-ideológicos, que resultam impunes devido à omissão ou cumplicidade das instituições estatais que deveriam coibi-los ou puni-los. O que distingue o fascismo de outras formas políticas autoritárias é a mobilização de massas, principalmente pequeno-burguesas, e a organização de tropas de choque que exercem a violência ilegal. Portanto, a formação de massas fascistas é o meio pelo qual um projeto autoritário produz amplo apoio social. Neste trabalho estudamos a mediação entre o discurso autoritário e a sua recepção social sob a perspectiva da psicologia social, que se concentra na relação líder - massa. Como sustentamos que o processo de fascistização no caso brasileiro se iniciou antes do aparecimento da figura do líder autoritário, consideramos que a narrativa da grande mídia, durante o período acima indicado, se configurou como um proto-discurso do líder, amplificando a crise política e econômica então em curso. Argumentamos que a narrativa da grande mídia teve um efeito fortemente fascistizante na medida em que conjugava um discurso do ódio com um discurso do medo, impactando sensivelmente nas emoções das audiências, difundindo um clima social de indignação moral e intolerância política. Na medida em que promovia a formação e mobilização de massas, alimentava a instabilidade política e a corrosão da institucionalidade democrática. Entretanto, como o poder de influência do discurso fascistizante (midiático neste caso) não é absoluto, seu êxito depende de encontrar correspondência com um tipo de personalidade potencialmente autoritária já presente na sociedade. Neste sentido, argumentamos que a gestão neoliberal do capitalismo contemporâneo produz uma subjetividade proclive a apoiar soluções autoritárias para os problemas e crises políticas, econômicas ou sociais. O discurso fascistizante é pensado, desta maneira, como um dispositivo que ativa a personalidade autoritária latente na sociedade, resultado de uma objetividade socioeconômica caracterizada pela superexploração do trabalhador, pela máxima precarização laboral ou, no extremo, pela sua marginalização total. Dedicamos a última parte deste trabalho a estudar as causas mais profundas da emergência, de caráter internacional, de discursos, movimentos e lideranças com características neofascistas, demonstrando a continuidade, antes do que a ruptura, entre a crise ou esgotamento do projeto neoliberal e o ressurgimento do neofascismo como resposta à necessidade de gestão das crescentes massas marginais no contexto do aprofundamento da crise estrutural do capital. Nas considerações finais, argumentamos que um processo de fascistização é resultado da decisão das frações mais poderosas dos interesses econômicos dominantes, e por esta causa, o fascismo será sempre uma possibilidade concreta em toda sociedade capitalista.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em História}, note = {Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras} }