@MASTERSTHESIS{ 2023:674646052, title = {Parindo a nação? maternidades, amamentação e o discurso médico higienista na corte imperial (Rio de Janeiro, décadas de 1870 e 1880)}, year = {2023}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/6975", abstract = "A presente dissertação analisa os discursos médicos higienistas sobre maternidade, práticas de aleitamento e cuidado infantil, visando compreender como estiveram associados a um projeto nacional. As fontes documentais são as teses médicas da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro durante as décadas de 1870 e 1880, período em que o ideário de progresso e da civilidade europeia atingiram a capital brasileira e o país. Naquele contexto, a maternidade e a amamentação se tornaram tópicos centrais de um profundo e intenso debate político. A análise das teses médicas evidencia a formação de um campo de disputa, em que se condena a amamentação praticada por amas de leite — majoritariamente escravizadas —, chamada de “aleitamento mercenário”, e se defende e exalta a amamentação praticada pelas mães biológicas, designada como “aleitamento materno”. A partir desses debates, os médicos objetivaram construir uma nação que fosse física e moralmente saudável, de modo a distanciarse da perspectiva colonial em transição no fim do império. Para alçar a modernidade e a civilização da nação brasileira, as mães brancas eram incentivadas a amamentar, tornando-se, assim, salvacionistas. Ao amamentar seus próprios filhos, garantiam a sobrevida deles, assim como a prosperidade da nação. Já o aleitamento mercenário era compreendido como maléfico tanto para as crianças brancas, que poderiam adoecer por meio de um suposto contágio através do leite, como para o progresso da pátria. Por meio da análise do conteúdo, da análise do discurso e dos silêncios, examina-se como os médicos representaram a presença e a ausência da mãe branca e o papel das amas de leite nas décadas finais do século XIX. Considera-se também a ausência da figura materna escravizada nos escritos médicos. O conceito de “necrobiopoder” foi utilizado para evidenciar como os discursos médicos do período comprometeram-se com a sobrevida das crianças brancas, percebidas como o futuro da nação, assim como negligenciaram as vidas de crianças negras nascidas de mães escravizadas.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em História}, note = {Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras} }