@PHDTHESIS{ 2023:43608756, title = {Compreensões sobre a Prática de Análise Linguística em documentos parametrizadores do estado do Paraná: um panorama histórico dos últimos 30 anos}, year = {2023}, url = "https://tede.unioeste.br/handle/tede/6854", abstract = "A proposta de Prática de Análise Linguística (PAL) enquanto prática pedagógica reflexiva articulada às práticas de produção e de leitura de textos nas aulas de Língua Portuguesa (LP) surge com o professor e pesquisador João Wanderley Geraldi na década de 1980. A PAL é apresentada em capítulos que Geraldi assina na obra O texto na sala de aula: leitura & produção (GERALDI, 1984) e, anos mais tarde, é retomada e ampliada no livro Portos de Passagem (GERALDI, 1997[1991]). Trata-se de uma prática que, pautada em pressupostos do Círculo de Bakhtin, visa a um trabalho com a língua(gem) no qual, ao invés de exercícios descontextualizados de classificação gramatical, priorizam-se atividades de reflexão sobre os recursos linguísticos empregados na construção de textos, levando em conta as escolhas do autor, motivadas pela situação interativa e o contexto que envolve sua produção. Seu objetivo é possibilitar, aos alunos, mais autonomia em suas práticas linguísticas e, como consequência, uma participação mais efetiva na sociedade. Essa prática passou a integrar os eixos de ensino de LP no país principalmente a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998a). No entanto, nem sempre a compreensão que se tem da PAL é a mesma da proposta de Geraldi (1984, 1997[1991]). Conforme Rodrigues (2021), outros discursos sobre essa prática surgem no decorrer dos anos, aproximando-se ou afastando-se da sua proposição inicial. No Paraná, a PAL está prevista nos documentos pedagógicos oficiais desde o início da década de 1990, quando houve a publicação do Currículo Básico para a Escola Pública (PARANÁ, 1990), sendo também prevista nas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE -PARANÁ, 2008) e, mais recentemente, no Currículo da Rede Estadual (CREP - PARANÁ, 2021). Dentro desse contexto, voltamo-nos, nesta investigação, para o tema: o(s) discurso(s) sobre a PAL nos documentos parametrizadores do ensino, para os Anos Finais do Ensino Fundamental (AF-EF), no estado do Paraná, desde a década de 1990. Três perguntas norteiam o caminho da pesquisa: 1) A proposta geraldiana de PAL é reenunciada nos documentos parametrizadores do estado do Paraná voltados aos AF-EF? 2) Que discursos são veiculados sobre a PAL nos documentos parametrizadores do estado do Paraná voltados aos AF-EF desde a década de 1990? 3) Que panorama podemos traçar das orientações dos documentos parametrizadores do estado do Paraná dos AF-EF a respeito da PAL nesse intervalo de quase 30 anos? A partir dessas indagações, traçamos como objetivo geral: analisar as possíveis reenunciações geraldianas e outros discursos sobre a PAL no ensino de Língua Portuguesa veiculados nos documentos parametrizadores do Paraná dos AF-EF desde a década de 1990. Para atingir esse propósito, optamos por desenvolver uma pesquisa qualitativa e interpretativista, cuja base epistemológica reside na Concepção Dialógica de Linguagem (CDL), e que se inscreve no campo da Linguística Aplicada. As análises são pautadas na Análise Dialógica do Discurso (BRAIT, 2006). Teoricamente, esta investigação se sustenta em estudos do Círculo de Bakhtin, de Geraldi (1984, 1997[1991]), de Franchi (2006[1988]) e de autores que discutem a PAL, especialmente os que se filiam à CDL, tais como Rodrigues e Cerutti-Rizzati (2011), Acosta Pereira (2013, 2016, 2018), Costa-Hübes (2017a, 2021), Santos (2017), Polato (2017), Acosta Pereira e Pinto (2018), Lunardelli (2020, 2021), Mendes-Polato e Menegassi (2020), Acosta Pereira e Costa-Hübes (2021a, 2021b,9 2021c), Kraemer e Costa-Hübes (2021) entre outros. Como resultado, temos que os três documentos reenunciam, em alguma medida, a proposta de Geraldi (1984, 1997[1991]) de PAL, orientando que tal prática seja desenvolvida nas aulas de LP. No entanto, diretamente relacionado ao cronotopo de cada documento, há diferentes compreensões sobre a PAL nos três documentos: (I) o Currículo Básico (PARANÁ, 1990), embora seja pioneiro ao abordar a PAL como alternativa ao ensino mecânico de LP, se afasta da proposta geraldiana e traz orientações que incorrem em práticas de ensino focadas no sistema e nas estruturas linguísticas, tomando o texto como pretexto para trabalhar conteúdos gramaticais; (II) nas DCE (PARANÁ, 2008), as orientações se aproximam da proposta de Geraldi (1984, 1997[1991]) e avançam na direção de uma PAL de base dialógica, com ênfase no contexto extraverbal de produção dos enunciados e nas vozes que neles ecoam, num trabalho que considera os gêneros discursivos e suas esferas sociais, evidenciando um avanço em relação ao documento anterior; (III) por fim, o CREP (PARANÁ, 2021), que trata essa prática como análise linguística/semiótica, se distancia da proposta geraldiana e dialoga com dois outros discursos: o de uma gramática contextualizada, trabalhada no texto sem vinculação com o contexto, e o de uma expressão nova para práticas de ensino que não enfatizam a dimensão social da língua(gem), focando na estrutura da língua. Assim, a partir das análises, confirmamos nossa tese inicial, de que os documentos parametrizadores do estado do Paraná são organizados por variados discursos que orientam a PAL sob matizes com tons variados, de modo que, historicamente, há movimentos de aproximação e distanciamento em relação à proposta geraldiana. É importante acrescentar, contudo, que esses movimentos não se dão de forma aleatória, mas motivados pelo jogo de forças centrípetas e centrífugas que se observa também em cada cronotopo, e que está diretamente vinculado aos movimentos da política nacional e estadual no período em que os documentos parametrizadores foram elaborados.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Centro de Educação, Comunicação e Artes} }