@PHDTHESIS{ 2021:1546290707, title = {Resgate da construção de conhecimentos coevolutivos ecológicos, através da atuação do movimento de mulheres camponesas (MMC)}, year = {2021}, url = "http://tede.unioeste.br/handle/tede/5658", abstract = "Esta tese tem como objetivo principal responder à questão: o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) em Minas Gerais e Santa Catarina está conseguindo resgatar estratégias de construção de conhecimento coevolutivo ecológico? Ancorada no materialismo histórico dialético, a pesquisa utilizou como metodologia a história de vida e a observação participante e não participante como forma de coleta de dados. Participaram da pesquisa quatro camponesas do MMC - MG e cinco do MMC - SC. Buscamos compreender a história de vida das mulheres antes e depois de ingressarem no MMC e fizemos observações e questões sobre seus sistemas produtivos atuais. Como referencial teórico, partimos da compreensão do que é ser camponesa no Brasil, para as discussões sobre os conhecimentos tradicionais e a agroecologia até chegar na definição do que apresentamos como conhecimentos coevolutivos ecológicos. Constatamos que as pesquisas sobre conhecimentos tradicionais apresentam esses saberes através da visão exclusiva do homem, como se este fosse o único representante desses conhecimentos. Contudo, a partir de nossos pressupostos epistemológicos e da compreensão de que as relações de gênero, ao estruturarem as sociedades, são decisivas na forma pela qual homens e mulheres constroem seus conhecimentos, não podemos aceitar os homens como porta-vozes exclusivos dos conhecimentos. A revisão bibliográfica revelou escassez de pesquisas internacionais e nacionais sobre os conhecimentos agrícolas ecológicos tradicionais das mulheres. A invisibilização e a desvalorização dos saberes femininos é fruto da junção de dois sistemas de dominação-exploração: o patriarcado e o capitalismo. Com o avanço do capitalismo, valoriza-se o que gera dinheiro e desvaloriza-se o que não gera. Devido à divisão sexual do trabalho capitalista, coube às mulheres os trabalhos de subsistência, que foram sendo desvalorizados e invisibilizados, assim como os trabalhos de comunidades tradicionais e a própria natureza. Por um lado, esse processo histórico-cultural permitiu às mulheres conservarem mais saberes ecológicos que os homens. Por outro, a unilateralidade da ciência patriarcal impede que a sociedade visibilize as mulheres e compreendam como a modernização impacta suas vidas e leva à erosão de seus conhecimentos. A pesquisa revelou a diversidade de conhecimentos ecológicos das camponesas em seus manejos agrícolas, com diferentes critérios de seleção de sementes, formas de armazenamento e processamento; como essas práticas provêm de conhecimentos herdados de gerações passadas, são construídos pelas próprias camponesas e/ou aprendidos através do diálogo/vivências em suas redes de sociabilidade. Os resultados apontaram para a conservação em MG e o resgate em SC das estratégias de construção de conhecimento coevolutivo ecológico, a partir da participação no MMC. Essa participação lhes permite a construção de um novo kosmos, gerando uma percepção ampliada de sociedade, na qual elas se sentem sujeitas capazes e com o dever de construir suas próprias histórias, visando a reconstrução da comunidade, em contraposição à ideologia capitalista da individualidade e competição. As camponesas do MMC se movimentam, negando valores patriarcais e neoliberais para afirmar os aspectos positivos das culturas tradicionais: as relações de reciprocidade dos seres humanos entre si e com a natureza.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável}, note = {Centro de Ciências Agrárias} }