@MASTERSTHESIS{ 2021:1991330777, title = {Eva Luna e a resistência: deslocamentos, narrativos e transgressões}, year = {2021}, url = "http://tede.unioeste.br/handle/tede/5518", abstract = "O objetivo desta dissertação foi compreender a articulação entre resistência e literatura apresentadas na obra Eva Luna (1987), da chilena Isabel Allende, principalmente segundo a perspectiva de Alfredo Bosi em Literatura e Resistência (2002). Compreende-se resistência como aspecto ético, que, na literatura, implica reação contrária a algum elemento ideológico em determinada sociedade. Ao analisar as vivências de Eva Luna, protagonista-narradora, as reflexões estabelecidas visaram entender a contribuição da literatura de autoria feminina como forma de resistência das mulheres. Nesse intuito, devido à orfandade precoce que a destina ao desamparo, o estudo investigou o processo de desterritorialização experenciado pela personagem. Além disso, a análise problematizou a transição da oralidade para a escrita, que limitou as mulheres a adentrar o território letrado durante séculos, haja vista que Eva Luna permanece analfabeta até os quinze anos de idade. Ao acessar a escrita, a personagem conquista maiores possibilidades de resistir frente às amarras de gênero interseccionadas à classe social. Uma vez desenvolvida a habilidade, passa a utilizá-la para resistir frente ao autoritarismo exacerbado subjacente do governo opressor e da cultura patriarcal. Referente à escrita da obra, a contextualização histórica-social foi realizada principalmente a partir das perspectivas de Ruy Mauro Marini (2019) e Julieta Kirkwood (1983), as quais apontam os efeitos da Ditadura Cívico-Militar. Delimitou-se o conceito de patriarcado, especialmente conforme o pensamento de Pierre Bourdieu (2019) para analisar algumas das sequelas do sistema simbólico de opressão voltado às mulheres, enfatizando a assimetria entre o público e o privado e também entre a voz e o silêncio. Levando em consideração o aspecto ético da obra literária, a teoria referencial para a análise dialoga com as relações entre Literatura e Sociedade (2014) descritas por Antonio Candido, os estudos de Ria Lemaire (1994) sobre a influência do acesso à escrita no processo de emancipação das mulheres, para então evidenciar o potencial da literatura de autoria feminina no percurso de resistência perante as violências simbólicas de gênero, para o qual os estudos de Lúcia Osana Zolin (2005) foram fundamentais. A análise subjetiva, descritiva e interpretativa da obra permitiu reconhecer as relações hierárquicas patriarcais enquanto sistema organizador daquela sociedade, as quais fundamentam as reações subversivas de Eva Luna. Os contínuos deslocamentos entre a casa alheia e a rua, experenciados durante sua juventude, fazem-na atravessar a fronteira entre o público e o privado. A entrada no território letrado permite ultrapassar os limites entre a voz e o silêncio. Por fim, a conquista da voz por meio da escrita demonstra o vínculo entre literatura e resistência frente aos sistemas opressores com os quais se depara.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras}, note = {Centro de Educação Letras e Saúde} }