@MASTERSTHESIS{ 2019:1049952718, title = {Identidade, cultura e segurança alimentar:contradições na produção da quinoa real em comunidades tradicionais de Salinas de Garci de Mendoza, no Altiplano boliviano}, year = {2019}, url = "http://tede.unioeste.br/handle/tede/4804", abstract = "Desde meados do século vinte a produção a “Chenopodium quinoa Willd” - Quinoa na Bolívia foi se desenvolvendo vertiginosamente com políticas de incentivo que permitiram a ampliação das lavouras cultivadas e criar nichos de mercado para a sua comercialização, pois sendo um ultra alimento com relevantes valores proteicos e aminoácidos era vista de forma pejorativa como “comida dos pobres ou índios”, portanto seu consumo era reduzida unicamente aos povos originários das zonas rurais e pobres. Mas, a quinoa historicamente representou um alimento primordial na cultura alimentar dos povos originários e camponeses dos Andes boliviano. No entanto, a partir da década de 1980, foi experimentando mudanças drásticas a agricultura da quinoa nas comunidades produtoras. Cria-se a primeira organização importante de produtores da quinoa no Altiplano, no ano 1983, ANAPQUI (Associação Nacional de Produtores da Quinoa), atualmente é uma empresa destacada no setor e que constantemente procura mercados estrangeiros onde destinar a quinoa já industrializada. Nesta conjuntura, a quinoa passou a um alimento sobre valorizado, atingindo mercados dinâmicos que resultou em parte viável em termos econômicos para camponeses e produtores que começaram a depender de dita produção. Nesse contexto, a presente dissertação apresenta e analisa uma realidade e cenário vivenciado na comunidade camponesa tradicional - Município Salinas de Garci Mendoza (Salinas), do Altiplano Sul, posicionado como principal produtor e exportador da variedade “quinoa real” que é apta singularmente a solos salinos, focando principalmente nas mudanças desse novo modelo produtivo na seguridade e soberania alimentar da região e do país. Também se fez uma abordagem analítica dos riscos que ocasiona a produção da quinoa nos sistemas agrários, nas formas de organização comunitária e nos sistemas ecossistêmicos da comunidade. Os resultados evidenciam que a quinoa passou de um sistema tradicional de produção a um sistema de produção de monocultivo e extensiva onde o capital e a maquinaria agrícola entram como novo elemento imperante na comunidade. A quinoa real como alimento que cumpria um significado importante na segurança e soberania alimentar da região foi debilitada, pois grande parte dos produtores chegaram a produzir, exclusivamente, com o propósito de destinar a totalidade da sua produção ao mercado e não para o autoconsumo. Assim como se contempla uma mudança total da geografia produtiva nas planícies, já que a quinoa era produzida no declive das montanhas com um sistema ancestral de rotação e diversificação de cultivos (batata, caniua, oca, fava), que desapareceu. A pastagem do camelídio das lhamas nas montanhas era fonte principal de adubo, hoje quase inexistente. A intensiva produção de monocultivo da quinoa afeta seriamente à fauna e à flora silvestre da comunidade, também na degradação dos solos e na perda da matéria orgânica, que coloca em questão até que ponto será viável essa lógica de produção na seguridade e soberania alimentaria local. A presente pesquisa tenta contribuir com um debate sobre o tema, a partir de uma perspectiva empírica e real, por considerar que existe um desinteresse no âmbito acadêmico e social sobre as contundentes problemáticas que acarreta a quinoa nas comunidades produtoras.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável}, note = {Centro de Ciências Agrárias} }