Export iten: EndNote BibTex

Please use this identifier to cite or link to this item: https://tede.unioeste.br/handle/tede/4933
Tipo do documento: Tese
Title: O ausente-presente: Merleau-Ponty e o inconsciente primordial
Other Titles: The absent-present: Merleau-Ponty and the primordial unconscious.
Autor: Dors, Litiara Kohl 
Primeiro orientador: Silva, Claudinei Aparecido de Freitas da
Primeiro membro da banca: Silva, Claudinei Aparecido de Freitas da
Segundo membro da banca: Utteich, Luciano Carlos
Terceiro membro da banca: Fontana, Vanessa Furtado
Quarto membro da banca: Veríssimo, Danilo Saretta
Quinto membro da banca: Müller, Marcos José
Resumo: Merleau-Ponty já, no escopo de sua obra inaugural, programaticamente fenomenológica, propõe o distanciamento tanto em relação ao empirismo quanto ao idealismo. Trata-se, sobretudo, de descrever a inseparabilidade entre a consciência e o corpo, mostrando que este último realiza uma espécie de reflexão. A reflexão deixa de ser um apanágio da consciência pura e simples a fim de irradiar-se intencionalmente na experiência corporal. Há uma intencionalidade operante que se propaga corporalmente. Ao mesmo tempo, para além do idealismo fenomenológico husserliano, Merleau-Ponty também já se aproxima da Psicanálise e o seu corolário conceito de inconsciente a fim de ressignificar certo caráter ambíguo que se inscreve no próprio movimento da corporeidade e da temporalidade. Já a partir dos anos 1950, mais notadamente nos Cursos sobre a Natureza e a Passividade, Merleau-Ponty retorna, por exemplo, a Freud no intuito de ressignificar, numa nova chave de leitura, o inconsciente em sua primordialidade. Isso se deve à noção de natureza primordial como pano de fundo ou horizonte originário. A partir de então até os últimos escritos, numa aproximação cada vez mais recorrente à Psicanálise, Merleau-Ponty reconhece na noção de inconsciente, um ponto de apoio para o desenvolvimento de uma nova ontologia, formulada prospectivamente por ele nos termos de uma “reabilitação ontológica do sensível” tendo na noção de carne o seu vetor conceitual mais radical e contundente. Para tanto, ao desenvolver uma perspectiva ontológica acerca do inconsciente, o filósofo recorre, por sua vez, à noção kantiana de grandeza negativa que entrevê um gênero de oposição real e não lógica entre um sentido presente e ausente que se inscreve na própria dinâmica do inconsciente. Há, digamos, uma contrapartida secreta inerente a esse duplo sentido como dublagem ontológica. O inconsciente se abre, portanto, como um campo primordial revelando um aspecto ausente-presente como estrutura ou camada. Pois bem: o inconsciente primordial é este ausente-presente inerente à própria consciência, que não é mais translúcida ou idealmente purificada, mas ambígua, carnal, permeada por lacunas. É nessa perspectiva, mais particularmente, que Merleau-Ponty, em sua obra tardia, alude, mesmo de maneira fragmentada, à ideia de uma “psicanálise ontológica” em franca oposição à noção sartriana de “psicanálise existencial”. Merleau-Ponty compreende que a percepção enseja o aparecimento de uma configuração entre figura e fundo que se estabelece entre o corpo vivo e os elementos do mundo percebido. Tudo se passa como se o corpo operasse uma espécie de mimetismo com o mundo como carne, em que não é mais possível depurar o que é parte de um ou de outro. Sob esse prisma, tudo aquilo que aparece, aparece sobre um fundo de impercepção, ambíguo e não-tematizado no qual o próprio inconsciente emerge como um modo sui generis de estrutura ausente/presente. Esse novo ângulo de abordagem acerca da percepção impacta também na compreensão dos casos clínicos, principalmente os de cunho neurológico e psiquiátricos, os quais Merleau-Ponty, em grande medida, se apoia ao recorrer seja a alguns estudos clínicos de Freud, seja até mesmo de Binswanger.
Abstract: Merleau-Ponty, within the scope of his inaugural work, programmatically phenomenological, proposes a distance both in relation to empiricism and idealism. Most of all, it is a matter of describing the inseparableness between consciousness and the body, showing that the latter performs a kind of reflection. Reflection ceases to be a prerogative of pure and simple consciousness in order to radiate intentionally in bodily experience. There is an operative intentionality that spreads bodily. At the same time, in addition to the Husserlian phenomenological idealism, Merleau-Ponty also approaches Psychoanalysis and its corollary concept of the unconscious in order to resignify a certain ambiguous character that is part of the movement of corporeality and temporality. From the 1950s onwards, most notably in the Courses on Nature and Passivity, Merleau-Ponty returns, for example, to Freud in order to redefine, in a new key, the unconscious in its primordiality. This is due to the notion of primordial nature as a background or original horizon. From that moment until his last writings, in an increasingly recurrent approach to Psychoanalysis, Merleau-Ponty recognizes in the notion of the unconscious, a support point for the development of a new ontology, formulated by him in terms of an “ontological rehabilitation of the sensitive” with the most radical and forceful conceptual vector in the notion of flesh. Therefore, when developing an ontological perspective about the unconscious, the philosopher resorts, in turn, to the Kantian notion of negative greatness that sees a kind of real and non-logical opposition between a present and absent sense that is inscribed in the very dynamics of the unconscious. There is, say, a secret counterpart inherent in this double meaning as ontological dubbing. The unconscious opens up, therefore, as a primordial field revealing an absent-present aspect as a structure or layer. Well then, the primordial unconscious is this absent-present inherent in consciousness itself, which is no longer translucent or ideally purified, but ambiguous, carnal, permeated by gaps. It is in this perspective, more particularly, that Merleau-Ponty, in his late work, alludes, even in a fragmented way, to the idea of an “ontological psychoanalysis” in direct opposition to the Sartrian notion of “existential psychoanalysis”. Merleau-Ponty understands that perception leads to the appearance of a configuration between figure and background that is established between the living body and the elements of the perceived world. Everything happens as if the body operates a kind of mimicry with the world as flesh, in which it is no longer possible to purify what is part of one or the other. From this point of view, everything that appears appears against a background of ambiguous and non-thematic imperception, in which the unconscious itself emerges as a sui generis mode of absent / present structure. This new approach to perception also has an impact on the understanding of clinical cases, especially neurological and psychiatric ones, which Merleau-Ponty, to a large extent, supports by resorting to either clinical studies by Freud or even by Binswanger.
Keywords: Merleau-Ponty
Fenomenologia
Psicanálise
Inconsciente
Phenomenology
Psychoanalysis
Unconscious
CNPq areas: CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
Idioma: por
País: Brasil
Publisher: Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Sigla da instituição: UNIOESTE
Departamento: Centro de Ciências Humanas e Sociais
Program: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Campun: Toledo
Citation: DORS, Litiara Kohl. O ausente-presente: Merleau-Ponty e o inconsciente primordial. 2020. 280 f.. Tese (Doutorado em Filosofia) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, 2020.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Endereço da licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
URI: http://tede.unioeste.br/handle/tede/4933
Issue Date: 27-Apr-2020
Appears in Collections:Doutorado em Filosofia (TOL)

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
Litiara_Dors_2020.pdf1.55 MBAdobe PDFView/Open Preview


Items in TEDE are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.