@MASTERSTHESIS{ 2018:550059591, title = {Diretas Já e autocracia burguesa no Brasil: luta política na transição conservadora}, year = {2018}, url = "http://tede.unioeste.br/handle/tede/3799", abstract = "A presente dissertação tem como objetivo versar sobre o movimento Diretas Já no Brasil decorrido ao longo dos anos de 1983 e 1984, no bojo da transição política. Para tal análise se mostrou necessário fazer uma digressão acerca do modelo de desenvolvimento econômico e político sob o qual o Brasil esteve inserido, buscando evidenciar a forma antipopular e autocrática de modernização interna, e dependente e subalterna na sua relação externa, engendrado pela via colonial de desenvolvimento, bem como seu modelo de organização social pautado em rearranjos e recomposições políticas pelo alto de maneira impopular e antipopular. O corolário desse tipo desenvolvimento foi aquilo que Gramsci nominou de revolução passiva de conteúdo regressivo, também conhecido como revolução restauração, processo coroado no Brasil de forma permanente a partir de sua inserção periférica ao imperialismo. Desta forma, conseguimos compreender de maneira mais substancial a importância e o sentido que as Diretas Já tomaram no processo de transição. Outro ponto necessário para a compreensão mais ampla do referido movimento é a recomposição do bloco no poder iniciada ainda em 1974 e intensificada por meio de sucessivas crises – esgotamento do milagre econômico, Primeira (1973) e Segunda Crise do Petróleo (1979). Essa recomposição pode ser notada a partir do restabelecimento de alianças entre o empresariado brasileiro que começava a vislumbrar um processo de transição, mas que não perdesse, ao mesmo tempo, seus privilégios e a alta taxa de exploração da força de trabalho. Frente à crise econômica, esses empresários, principalmente os denominados de “novos empresários” (os Gerdau, Ermírio de Morais, Setúbal, Diniz, entre outros) se aliaram com os “economistas de oposição” e com os setores oposicionistas do PMDB em torno de um “novo” projeto desenvolvimentista para o processo sucessório. É a partir destas recomposições consubstanciadas interna e externamente (pelas influências políticas e econômicas de Samuel P. Huntington e David Rockefeller) que compreendemos as possibilidades e limites do movimento pelo sufrágio imediato. Algumas hipóteses e conclusões que circunscrevem a presente pesquisa as quais podem ser apresentadas de antemão são: a) que o movimento pelas Diretas Já teve duas orientações diferenciadas entre os anos de 1983 e 1984: no primeiro ano marcado majoritariamente pelo tensionamento antiautocrático liderado pelo PT, CUT e movimentos de base, e no segundo ano pela perspectiva anticesarista pautada hegemonicamente pelo PMDB, PDT e dissidentes do PDS; b) que o movimento pelas Diretas só foi possível e relativamente consistente (duração de mais ou menos 15 meses) pela permanente correlação de forças imprimida no interior do movimento entre as oposições antiautocrática e anticesarista; c) que as Diretas Já tomaram forma concreta e prática com a atuação do PT ainda em 1983, culminado na mobilização de 15 de novembro de 1983 na praça Charles Muller, em São Paulo, obrigando o PMDB a participar efetivamente do movimento, tanto para neutralizar a liderança antiautocrática quanto para adquirir dividendos políticos e eleitorais, ainda que de forma dissimulada; d) que o movimento pelas Diretas Já não terminou com a sua derrota no dia 25 de abril de 1984, quando da rejeição da emenda Dante de Oliveira na Câmara de Deputados, conforme visto pela literatura que buscou versar sobre o tema, mas foi levado a cabo exclusivamente pela oposição antiautocrática e por quadros à esquerda do PMDB sob o manto da emenda Theodoro Mendes; e) que houve uma disputa pela “paternidade” do movimento pró-Diretas após a sua derrota entre o setor favorável ao consenso no Colégio Eleitoral – movimento pró-Tancredo e Aliança Democrática – e o setor antiautocrático, reunido em torno da emenda Theodoro Mendes. Essa “paternidade” foi atribuída arbitrariamente ao movimento pró-Tancredo pelo conjunto da mídia, relegando o movimento pró-Diretas liderado pela oposição antiautocrática ao esquecimento. Essas são algumas das hipóteses que rodeiam a presente pesquisa, e só podem ser respondidas com maior argumentação quando compreendemos, historicamente, ou seja, vertical e horizontalmente, o modelo de desenvolvimento brasileiro e suas sucessivas recomposições políticas, para assim podermos contrastar que o movimento pelas Diretas, apesar dos sucessivos limites impostos pela oposição burguesa e pelo regime, foi um locus privilegiado de disputa política; sua existência, bem como sua contribuição para a mudança no quadro de correlação de forças se deve à participação e a resistência do movimento popular liderado pela oposição antiautocrática, uma vez que tensionaram para demonstrar que a transição política “não estava dada”, ou seja, podia ser modificada, ainda que parcialmente, por meio da luta política. Por fim, o pano de fundo desta pesquisa é entender como a autocracia burguesa se configura e se institucionaliza frente aos movimentos de luta política no Brasil.", publisher = {Universidade Estadual do Oeste do Paraná}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em História}, note = {Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras} }